Água cobre as ruas durante as enchentes em Canoas, no Rio Grande do Sul, Brasil, em 6 de maio de 2024.
Una señal de «Stop» y el tejado de una casa se ven bajo el agua en una calle inundada en Canoas, en el estado de Rio Grande do Sul, Brasil, el 5 de mayo de 2024. Uma placa de “Pare” e o topo de uma casa são vistos debaixo d’água em uma rua inundada em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 5 de maio de 2024. A stop sign and the top of a house are seen underwater on a flooded street in Canoas, in the state of Rio Grande do Sul, Brazil, on May 5, 2024.
Pessoas são resgatadas durante enchentes em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 5 de maio de 2024. Voluntários usaram seus próprios barcos para salvar centenas de pessoas presas nas enchentes em cidades como Canoas e áreas próximas. Bairros inteiros ficaram submersos, obrigando os moradores a esperar por ajuda. As equipes de emergência trabalharam incansavelmente, navegando em fortes correntes para evacuar famílias e animais de estimação para um local seguro. Para muitos, esses resgates foram uma tábua de salvação, pois as estradas estavam intransitáveis e o acesso a itens essenciais foi interrompido. Os esforços destacaram a resiliência das comunidades locais e dos socorristas em meio à enchente.
Um senhor é carregado após sair de um barco enquanto é resgatado durante as enchentes em Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 5 de maio de 2024. Os resgates destacaram os imensos desafios enfrentados pelas comunidades e ressaltaram a importância da preparação para proteger as populações em risco durante eventos climáticos extremos.
João Engelmann, agricultor de 54 anos, abre uma máquina de lavar roupa cheia de água barrenta após inundações no assentamento Integração Gaúcha em Eldorado do Sul, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, 10 de maio de 2024. Após três dias de chuvas violentas, Engelmann e sua esposa fugiram de sua casa inundada. Perto dali, as águas subiram acima de sua cabeça e, em um dia, estavam batendo nos telhados das casas. João Engelmann e sua esposa, Edite de Almeida, optaram por ficar e reconstruir a casa. “Viemos do nada. Voltamos ao nada. Agora vamos começar de novo.” As economias locais também sofreram, com empresas destruídas e áreas agrícolas submersas, agravando ainda mais a crise.
Janine de Almeida Engelmann, uma estudante de 18 anos e filha de Edite e João, assiste desenho animado em um telefone com Lívia, que também foi desalojada pelas recentes enchentes, em um depósito de uma fábrica de carrocerias de caminhões, depois que Engelmann e sua família deixaram sua casa durante as enchentes em Eldorado do Sul, 16 de maio de 2024. As fazendas e estradas inundadas ao redor da capital do estado, Porto Alegre, contribuíram para a escassez de alimentos e água na região, aumentando a crise e perturbando a vida de mais de 2 milhões de pessoas.
Edite de Almeida, 51 anos, agricultora e esposa de João Engelmann, entra pela primeira vez na sua casa após as enchentes, onde se vê marcas de água e lama na parede após inundações no assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul, em 17 de maio de 2024. Quando as águas da enchente começaram a recuar, Almeida teve a primeira visão de sua casa devastada, com as paredes manchadas, eletrodomésticos destruídos e pertences cobertos de lama. Almeida, Engelmann e sua filha dormiram em uma caçamba de caminhão no armazém de um vizinho, improvisando uma rotina doméstica enquanto recompunham suas vidas. Era a primeira vez que Edite e João voltaram para ver os danos em sua casa, encontraram lama e água por toda parte, inclusive dentro de uma máquina de lavar. “Sou grata por termos sobrevivido e lamento por aqueles que perderam familiares”, disse ela. “Viemos do nada. Voltamos ao nada. Agora vamos começar de novo”,acrescentou.
Edite de Almeida, 51 anos, ajeita o colarinho da camisa de seu marido João Engelmann, 54 anos, em um depósito de uma fábrica de carrocerias de caminhões onde estão alojados desde que fugiram das enchentes em Eldorado do Sul, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 14 de maio de 2024. Após três dias de chuvas violentas, Edite, seu marido João Engelmann e sua filha Janine fugiram de sua casa inundada. Perto dali, as águas subiram acima de sua cabeça e, em um dia, estavam batendo nos telhados das casas. “Viemos do nada. Voltamos ao nada. Agora vamos começar de novo”, disse Edite. Não estou de luto. Sou grata porque há muitos que perderam muito mais do que nós”, disse Almeida. “Sou grata por termos sobrevivido e lamento por aqueles que perderam familiares.”
Fernando Wommer, 20 anos, em pé sobre os escombros da casa de um parente destruída pelas enchentes do Rio Taquari em Arroio do Meio, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 20 de maio de 2024. Sua casa e todas as casas de sua família, que ficavam uma ao lado da outra, foram destruídas. Ele e sua família perderam tudo o que tinham. Eles desistiram de procurar seus pertences. “Não sobrou nada”
Cintia Santos chora enquanto ela e sua família são evacuadas em um ônibus de uma área inundada, em Eldorado do Sul, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em 7 de maio de 2024. Espera-se que a mudança climática global torne certas áreas inabitáveis e impulsione a migração de centenas de milhões ou bilhões de pessoas até 2050, à medida que fogem do aumento do nível do mar, da aridez, das enchentes e de outros desastres.
As enchentes recordes no estado brasileiro do Rio Grande do Sul causaram devastação e impactaram a população local, deslocando mais de 600.000 pessoas. Famílias perderam suas casas, bens e meios de subsistência. 183 pessoas morreram de acordo com as autoridades estaduais. No total, 2,39 milhões de residentes foram afetados pelas enchentes, causando grandes perdas humanas e econômicas. O governo descreveu o evento como o maior desastre climático da história do estado.
As mudanças climáticas tornaram as inundações duas vezes mais provável, disse uma equipe de cientistas internacionais, acrescentando que as fortes chuvas também foram intensificadas pelo fenômeno natural El Nino. Mesmo no clima atual, segundo especialistas do grupo World Weather Attribution, as fortes chuvas foram um evento “extremamente raro”, que deve ocorrer apenas uma vez a cada 100 a 250 anos. Mas teria sido ainda mais raro sem os efeitos da queima de combustível fóssil, disse o grupo. A falha da infraestrutura crítica, o desmatamento e a rápida urbanização das cidades ajudaram a ampliar os efeitos do desastre, acrescentaram os cientistas.
Espera-se que a mudança climática global torne certas áreas inabitáveis e impulsione a migração de centenas de milhões ou bilhões de pessoas até 2050, à medida que fogem do aumento do nível do mar, da aridez, das enchentes e de outros desastres.
O Rio Grande do Sul já passou por várias enchentes no passado, mas nenhuma se compara a esta. Nas ruas, os moradores refletiram sobre os níveis de água durante as duas últimas enchentes Cerca de 6.500 fazendas familiares foram inundadas pelas chuvas torrenciais, de acordo com a análise de dados de satélite feita pela consultoria Terra Analytics. Entre eles estavam Edite de Almeida e seu marido João Engelmann.
“Viemos do nada. Voltamos ao nada. Agora vamos começar de novo”, diz Edite de Almeida.