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Cabelo ruim


Pelo Malo é uma jornada de busca e reconhecimento do orgulho afro, na qual cantoras cubanas de hip hop com discursos feministas e antirracistas, juntamente com ativistas civis, reivindicam sua herança africana. O cabelo afro tornou-se, juntamente com a estética afro no vestuário, uma ferramenta de reivindicação da identidade dos afrodescendentes em Cuba nos últimos anos.

A expressão “pelo malo”, que é uma expressão negativa em relação ao cabelo das pessoas negras, tem um significado que vai além do seu significado literal. Esta expressão encerra um racismo atroz que perdura até aos dias de hoje em Cuba. Ela perpetua estereótipos racistas que associam a beleza e a aceitação social a características eurocêntricas, pelo que a descolonização da beleza é um caminho obrigatório a percorrer. Esta narrativa prejudicial desvaloriza a identidade e a cultura afrodescendente.
Os cânones de beleza têm sido um dos mecanismos muito eficazes na construção dos discursos racistas utilizados pelo poder colonizador.

Em Pelo Malo, utilizei imagens de arquivo, objetos originais e elementos relacionados ao racismo e à escravidão para gerar um discurso visual entre o passado e o presente. Uma viagem ao passado escravista da ilha para entender a origem desse racismo que permeia a sociedade cubana em suas diferentes camadas. Uma viagem ao passado para entender o presente das novas gerações de afrodescendentes.