As guardiãs de abelhas
O desaparecimento e a morte em massa de abelhas não é um fenómeno novo. Porém, nos últimos anos, atingiu números alarmantes no Brasil. Em apenas três meses de 2019, pelo menos meio bilhão de abelhas morreram subitamente. Entre as principais suspeitas está o uso indiscriminado de agrotóxicos.
As abelhas são responsáveis por aproximadamente 70% da polinização das plantas cultivadas para alimentação, e sua morte coloca em risco a agricultura e a segurança alimentar em todo o mundo. São também essenciais para a polinização das florestas nativas, e o seu desaparecimento pode despoletar a morte de ecossistemas inteiros.
Para preservar essas espécies, desde 2020, um grupo de agricultoras da zona da mata de Pernambuco combina técnicas de melhoramento genético com conhecimentos ancestrais para buscar formas sustentáveis de criar e proteger as abelhas.
Trabalhando em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco, elas se tornaram as primeiras apicultoras da região, trabalho até então feito apenas por homens. Com o dinheiro ganho com o mel, elas conquistaram uma nova profissão e também sua independência financeira.
Além da renda, o projeto gerou uma nova dinâmica na comunidade. Para atrair mais abelhas, o grupo de mulheres passou a resgatar técnicas sustentáveis de plantio e a transformar as áreas ao redor de suas casas, antes improdutivas, em oásis agroecológicos.
Hoje, de seus lotes brotam flores, frutas e mel de alta qualidade, livres de agrotóxicos, demonstrando que práticas modernas, como a criação de abelhas, aliadas a rituais ancestrais de cuidado com a terra, podem ser a chave para a geração de renda em comunidades vulneráveis e para a recuperação dos ecossistemas do planeta.