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Israel Fuguemann, Portfólio Finalista

“O sofrimento em toda parte” é meu portfólio de trabalho durante os últimos dois anos. Eu o concentrei especialmente em documentar a violação dos direitos humanos e os desafios à democracia em diferentes contextos, com ênfase particular na população migrante, deslocada e nos grupos mais vulneráveis. Meus reportagens combinam crônica social e retrato documental, buscando dignificar as pessoas retratadas e resgatar o caráter humano de cada história.

He coberto desde os massivos protestos na Venezuela contra a reeleição de Nicolás Maduro, até outros conflitos de deslocamento humano. Meu trabalho migratório abrange várias rotas e processos: acompanhei famílias na selva do Darién e dezenas de pessoas viajando no trem conhecido como “A Besta”, assim como aqueles que ficaram retidos na Cidade do México esperando poder entrar nos Estados Unidos, afetados pelo endurecimento das políticas migratórias.

No âmbito internacional, documentei o início do conflito entre Israel e Palestina, principalmente em zonas ocupadas da Palestina, onde a atividade militar israelense se intensificou, afetando a vida cotidiana da população civil e gerando um profundo impacto social e humano.

Minhas imagens buscam transmitir os medos, as perdas e a resiliência de quem vive em meio à violência, sem estigmatizar nenhuma das partes, e revelando como os conflitos históricos moldam a vida de gerações inteiras.

Este portfólio quer ajudar a gerar consciência sobre os grandes conflitos contemporâneos que compartilhamos como região, sobretudo aqueles que afetam os direitos humanos, a democracia e a dignidade das pessoas em contextos de vulnerabilidade extrema. Cada ensaio fotográfico que apresento tem como objetivo aproximar o espectador de realidades complexas, promovendo reflexão, empatia e um entendimento mais profundo dos desafios sociais contemporâneos.

O que disse o júri sobre o finalista, Israel Fugueman · Fotógrafo do Ano 2025

O texto a seguir recolhe —a partir da transcrição pública do julgamento do POY Latam 2025— as ideias e comentários expressos pelos jurados ao analisar o portfólio de Israel Fugueman, finalista ao prêmio de Fotógrafo do Ano. Não são citados nomes individuais, mas conserva-se o espírito de suas intervenções coletivas.

“Este portfólio é ambicioso: leva-nos da Cisjordânia à selva do Darién, do trem de migrantes no México às ruas de Caracas durante as eleições. Há aqui um esforço notável para abarcar alguns dos conflitos mais urgentes do nosso tempo. O que mais valorizamos foi a coragem de estar nesses lugares e a coerência ética na forma de retratar as pessoas: não há sensacionalismo, mas sim uma vontade de compreender e de mostrar dignidade em meio à crise.”

Ao mesmo tempo, os jurados observaram que a amplitude do trabalho também era seu maior desafio. “O portfólio é sólido, mas às vezes parece estendido por frentes demais. Gostaríamos de ver uma edição mais concentrada, que permitisse a cada história respirar e mostrar a profundidade que merece. No entanto, a consistência visual é clara e percebe-se uma voz forte por trás de todas as séries.”

O consenso foi de que este trabalho representava uma das perspectivas mais relevantes da categoria: “Este portfólio nos lembra que os fotógrafos ibero-americanos estão contando os grandes conflitos globais a partir de dentro, com um acesso difícil de alcançar e com uma sensibilidade que evita os clichês. Não é por acaso que chegou tão longe na deliberação: é um trabalho rigoroso, comprometido e de grande importância documental.”