Retrato de costas do meu avô José Antonio Prado Ruiz (83), apelidado de “Cuatro Tetas” (Quatro Seios) pela sua esposa Rosa devido a uma infidelidade que ela descobriu por conta própria e fazendo alusão ao fato de ele ter “quatro seios” em sua propriedade. Esse apelido foi herdado por seus filhos e netos, que o chamavam de “Papai Quatro Seios”.
Na fotografia, vemos objetos e imagens pertencentes à família Prado, que, por sua vez, descrevem o interior da casa onde vivem, bem como esse passado atemporal que permanece visualmente no cotidiano. 2024, Lambayeque, Peru.
Proposta de folheto cujo objetivo é a comunicação da imagem e do texto. No lado esquerdo, encontra-se uma carta de Rosa Suclupe Bances, minha avó e esposa do meu “Papá Cuatro Tetas”, narrando em uma carta a origem do apelido e o abuso que sofreu por parte dele; no lado direito, encontra-se um arquivo fotográfico danificado e recortado, onde minha avó segura a mão de uma pessoa do sexo masculino. Assim, proponho nesta comunicação de texto e imagem a ferida visual que minha avó sofreu no passado. 2025, Lambayeque, Peru.
“Papá Cuatro Tetas” em sua cadeira de rodas sendo acariciado por seu filho Alberto na sala de sua casa, demonstrando que, apesar do abandono durante sua infância, há carinho e respeito por ele em sua fase final de vida. 2023, Lambayeque, Peru.
Díptico fotográfico: No lado esquerdo encontra-se o retrato de Rosa, com apenas uma parte do rosto iluminada, estabelecendo uma comunicação visual através do seu olhar com o lado direito, onde se encontra uma fotografia digitalmente alterada de uma rocha sendo tocada por um raio de luz. A fotografia à direita representa uma figura masculina, longeva e relutante, sendo tocada por um simbolismo de esperança, mas ao mesmo tempo violenta e contemplada de forma melancólica por uma figura feminina do lado esquerdo. 2025, Lambayeque, Peru.
Fotografia do interior da cozinha da família Prado em Lambayeque, onde pretendo mostrar o cotidiano, mas também um cenário que, em sua época, era relegado apenas às mulheres da minha família; onde, por meio dos objetos que existem, quero expressar essa parte feminina, mas quebrada, dentro dos Prado. 2024, Lambayeque, Peru.
Viviana Prado, uma das filhas do “Papá Cuatro Tetas”, sendo massageada na cabeça pelo irmão Julio Prado devido a um sonho que teve com o pai. Nesta imagem, pretendo representar o ser masculino cobrindo o ser feminino na minha família, destacando esta ferida que continua a existir apesar do tempo, como consequência do abuso e abandono por parte do meu avô. 2024, Lambayeque, Peru.
Arquivo familiar danificado devido ao descuido na manutenção da fotografia, onde se vê o aniversário de 15 anos de Sinthia, uma das filhas de “Cuatro Tetas”; destacando essa memória ferida e quebrada, apesar de ter havido momentos agradáveis na minha família. Arquivo familiar pessoal, ano desconhecido, Lambayeque, Peru.
Intervenção no arquivo fotográfico familiar. Na foto, vemos Rosa sendo abraçada por um de seus filhos e, à direita, seu marido José. No texto sobreposto à fotografia, vemos que se trata de Julio Prado Suclupe, um dos filhos de Rosa e José, onde ele relata o tratamento que seu pai tinha com ele, mostrando-nos esse contraste do “Papai Quatro Seios” com o afeto pela parte masculina de sua família. Fazendo-nos ver esses matizes dele em seu passado como pai. Intervenção no arquivo, 2025, Lambayeque, Peru.
Arquivo fotográfico familiar de um dos versos de uma fotografia impressa, mostrando-nos a silhueta pouco visível de Rosa, esposa de “Cuatro Tetas”. Arquivo familiar pessoal, ano desconhecido, Lambayeque, Peru.
Díptico: na fotografia à esquerda, vê-se a marca da mão de uma criança na parede; ao lado dela está Esmeralda (5), minha irmã e filha de Viviana Prado, mostrando a cicatriz de uma operação no coração. Este diálogo entre as imagens pretende representar visualmente esta ferida tocada e cicatrizada na infância, mas que ainda não terminou de sarar na minha família. 2024, Lambayeque, Peru.
“Papá Cuatro Tetas” sendo banhado por um de seus filhos em seu quarto, mostrando que, apesar de seu passado repleto de erros, sua família cuida dele. 2023, Lambayeque, Peru.
ntervenção fotográfica onde mostro uma das paredes do quarto do meu avô “Papá Cuatro Tetas” e uma sequência de três fotos, com o objetivo de representar uma transição entre a vida e a morte do meu avô. Intervenção fotográfica, 2025, Lambayeque, Peru.
Díptico: No lado esquerdo encontra-se um dos fragmentos de uma carta de Viviana Prado dedicada ao seu pai quando ele faleceu. No lado direito encontra-se uma foto de uma das sobrinhas de Viviana no seu quarto, representando a solidão do seu sentimento, estabelecendo uma comunicação entre a imagem e o texto. 2025, Lambayeque, Peru.
Intervenção fotográfica do céu de uma das praias de Lambayeque, representando através de uma metáfora visual a transição espiritual do meu avô da vida para a morte. Intervenção fotográfica, 2025, Lambayeque, Peru.
Intervenção no arquivo fotográfico da família Prado Suclupe. Esta foto está cortada no lado direito, desenhando uma silhueta masculina, onde se vê um arquivo fotográfico da família e uma carta de Sinthia, na qual ela mostra que, apesar dos erros do pai, continua sentindo carinho por ele. Intervenção no arquivo, 2025, Lambayeque, Peru.
Díptico: no lado esquerdo encontra-se um arquivo fotográfico familiar recortado de “Papá Cuatro Tetas” voltado para a direita da segunda imagem, onde está um dos cenários de seu velório. Este díptico tem como objetivo destacar ainda mais esta passagem da vida e da morte do meu avô. 2025, Lambayeque, Peru.
Díptico: Realizado com o objetivo de destacar o perdão da parte feminina em relação ao passado de “Cuatro Tetas”, no lado esquerdo está um dos trechos da carta de Viviana dedicada a ele e no lado direito vê-se o arquivo fotográfico familiar de Sinthia, sendo segurada pela mão por uma mão masculina. Transmitindo essa comunicação de carinho entre o texto e a imagem. 2025, Lambayeque, Peru.
Fotografia da família Prado posando junto ao túmulo de José “Cuatro Tetas”, mostrando não só a união entre a vida e a morte, mas também a primeira vez que filhos, esposa e marido aparecem juntos em uma imagem depois de muito tempo. 2023, Lambayeque, Peru.
Retrato que fiz do meu avô, a quem chamava de “Papá Cuatro Tetas” (Papai Quatro Seios), em que ele me olhava fixamente para a câmera. Eu sabia que ele estava me observando, sabia que estava sendo fotografado, esperava uma pergunta ou repreensão dele… mas ele simplesmente me olhou sem dizer nada e voltou a olhar para fora, como se nada tivesse acontecido. 2023, Lambayeque, Peru.
“Fui eu quem colocou quatro seios no meu marido porque ele tinha outro, e por isso coloquei quatro, já que a amante tinha dois e eu dois, eram quatro seios…” Rosa Suclupe Bances
El Tetas é um projeto visual onde investigo o passado, a última etapa da vida e a morte do meu avô materno. Utilizo o arquivo familiar deteriorado com o objetivo de destacar a psique de uma memória ferida e danificada da minha família devido ao alcoolismo, abuso e abandono por parte do meu avô. A partir das três etapas temporais que narro, desde a rememoração do passado da ligação do meu avô com a minha família, combinando as fotografias que registrei e o arquivo fotográfico da minha família, tento recriar uma memória por meio das sensações de violência e abandono que meu avô causou aos seus filhos e à sua esposa. Na etapa final, após sua morte, através do registro fotográfico e dos escritos da minha família, desenvolvo sentimentos de remorso e perdão que desejo expressar a José Prado com minha família.
Fazendo uma viagem interna pelo meu núcleo familiar no visual, El Tetas é um retrato com várias facetas do meu avô. Prestando-lhe uma homenagem, redescubro quem foi meu avô… quem foi José Antonio Prado… quem foi “Papá Cuatro Tetas”.