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Ventos de dor

Entre dezembro de 2022 e março de 2023, a repressão aos protestos contra o governo de Dina Boluarte — desencadeados após a destituição de Pedro Castillo, que tentou um golpe de Estado — deixou pelo menos 50 mortos e mais de 1.200 feridos no Peru.

A maioria das vítimas eram trabalhadores rurais e indígenas do sul; algumas nem mesmo participavam das mobilizações. Organismos internacionais concluíram que, em muitos casos, tratou-se de execuções extrajudiciais: tiros direcionados à cabeça e a órgãos vitais.

A violência policial e militar se espalhou por várias regiões: Andahuaylas, Ayacucho, Arequipa, Junín, Cusco, Macusani e Juliaca (Puno), onde, em 9 de janeiro, 18 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. O governo acusou os manifestantes de serem “terroristas”. Em Ayacucho, um dos batalhões destacados foi uma unidade contra-insurgente de Huanta, que recebeu a ordem de enfrentá-los “como tal”. A resposta incluiu tiros com rifles, balas de borracha e gás lacrimogêneo. Autópsias e relatórios balísticos confirmaram que as balas e balas de borracha extraídas dos corpos coincidiam com a munição de rifles de assalto, pistolas e espingardas portadas por policiais e militares.