5 Minutos: As consequências do pior crime ambiental do Brasil

Em novembro de 2015, a barragem de rejeitos de Fundão, administrada pelas mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton, rompeu-se e contaminou 668 km de cursos d’água, do rio Doce ao Oceano Atlântico. O estuário do rio foi contaminado com metais pesados como o alumínio, o cobre e o manganês. Os efeitos a longo prazo do derrame tóxico na saúde humana e no ambiente ainda não são claros.

A atividade mineira acarreta graves degradações para o ambiente e para as comunidades locais. Uma de suas seqüelas são as barragens de rejeitos, que são basicamente um reservatório que abriga todos os resíduos gerados no processo de mineração. Na América Latina, muitas vezes essas barragens são construídas com uma capacidade de baixo custo, o que gera uma maior chance de colapso e repetição de devastações como a de Mariana (2015) e Brumadinho (2019)

João Eletério é um poeta e fazendeiro que vive em Biboca, Minas Gerais. Ele se lembra de como era viver às margens do rio Doce, quando ainda podia ganhar a vida vendendo peixe. A comunidade, como João costumava conhecer, não existe mais. Quase sete anos após o maior desastre ecológico da história do Brasil, muitos ainda estão traumatizados com essa catástrofe provocada pelo homem.

Carla está em cima de um monte de lama tóxica seca, exatamente onde morava com sua família antes do rompimento da barragem de Fundão. Ela segura uma pintura que mostra como era sua cidade antes de seu sustento ser interrompido pelo crime ambiental. Ela escolheu ser retratada usando uma camiseta que diz: “colecione momentos, não coisas”.

Esta fotografia foi tirada em setembro de 2021 e mostra um cavalo morto em um córrego de água em Paracatu, Minas Gerais. A área foi uma das mais afetadas pelo desastre dos rejeitos da mina da Samarco. A cidade de Paracatu foi, em sua maior parte, soterrada pelos fluxos de lama tóxica desencadeados pelo rompimento da barragem. Os impactos negativos sobre o meio ambiente, como a contaminação e a escassez de água, ainda são sentidos hoje, quase sete anos após o rompimento.

Joelma, fazendeira e moradora de Governador Valadares, está determinada a mostrar os impactos negativos do crime ambiental, segurando em cada uma de suas mãos a terra antes e depois do rompimento da barragem. O solo se transformou em uma rocha sólida de lama tóxica.

A linha reta vermelho-ferrugem foi deixada pelo fluxo de lama nas paredes internas e externas da igreja de Paracatu. Esse local sagrado só abre em ocasiões religiosas especiais. Um brilho de luz solar reflete nas paredes manchadas de escuro da igreja em um dia em que a comunidade demonstra sua esperança e resiliência, apesar do descaso das empresas de mineração que destruíram seu meio de vida.

A imagem retrata uma das salas da escola pública de Paracatu, cidade que permanece parcialmente soterrada pelos resíduos tóxicos da mina. Na parede, uma manifestação dirigida a uma das mineradoras responsáveis pelo crime: “Devolva nossas vidas, Samarco”.

Joelma é uma fazendeira que mora em Governador Valadares, Minas Gerais. Ela está entrando no rio Doce, que é considerado altamente contaminado após o rompimento da barragem de rejeitos da mina da Samarco. Quase seis anos após o desastre, Joelma não tem alternativa a consumir a água contaminada do rio.

Esta foto é uma manipulação digital que visa representar visualmente a linha de lama deixada pela lama tóxica após o rompimento da barragem. De acordo com estudos realizados pela Fundação SOS Mata Atlântica, os resíduos de lama liberados pelo rompimento da barragem removeram um total de 324 hectares de áreas de Mata Atlântica, bioma que concentra 60% das espécies da fauna e flora brasileiras atualmente ameaçadas de extinção.

5 Minutos é o primeiro capítulo de um projeto contínuo de documentário investigativo que denuncia as injustiças ambientais praticadas por empresas mineradoras em todo o mundo. Este trabalho foca no rescaldo do maior desastre ecológico da história do Brasil: o rompimento de rejeitos da mina da Samarco.

Em novembro de 2015, a barragem de rejeitos de Fundão, administrada pelas mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton, rompeu-se no estado de Minas Gerais. A rutura da barragem desencadeou uma onda implacável de lama que engoliu tudo o que estava no seu caminho. A pluma vermelho-ferrugem de lama contendo resíduos tóxicos de mineração deixou um rastro de destruição desde a vila de Bento Rodrigues, descendo o rio Doce até o litoral, dizimando uma área do tamanho de Portugal.

Práticas descuidadas de crescimento da economia criam uma cultura que dá pouca ou nenhuma importância ao bem-estar dos cidadãos, a ponto de ocorrerem desastres catastróficos que poderiam ser evitados. Quase 8 anos se passaram desde o rompimento da barragem de rejeitos da mina da Samarco e nenhum indivíduo ou empresa foi responsabilizado, os danos de longo prazo ao meio ambiente ainda não foram seriamente tratados e centenas de milhares de vítimas ainda aguardam reparações enquanto vivem em alojamentos temporários. Este não foi o primeiro crime ambiental evitável diretamente causado pelo homem e não será o último. Os legados da hegemonia colonial vão para além da extração violenta de minerais, amplificando as injustiças ambientais existentes.

Adoptando uma narrativa experimental, este trabalho pretende materializar os impactos socioambientais causados pela atividade mineira, muitas vezes imperceptíveis ao olhar humano. 5 Minutos é uma tentativa de estruturar evidências através de uma prática colaborativa com as pessoas impactadas, pessoas que não tiveram mais do que 5 minutos para enfrentar legalmente os crimes cometidos pela indústria de mineração contra suas vidas e suas terras.