Fogo aberto
Qual é o futuro das nossas paisagens naturais?
Qual é o futuro das nossas referências e memórias colectivas?
O fogo é uma arma afiada.
Centrando-me nos incêndios destruidores que recentemente têm varrido paisagens em todo o mundo, a maioria deles consequência das alterações climáticas, mas na América Latina também resultado de conflitos políticos, nesta série aproprio-me da violência deste elemento sobre o património natural e cultural para desvendar o ambiente irreconhecível que deixa para as gerações futuras. Com OPEN FIRE, pretendo incentivar o debate em torno de um tema contemporâneo de relevância global: é ambiental, social, histórico e político, e urge ser discutido num quadro em que a sociedade desempenhe o papel de protagonista e não de espetador.
O trabalho desenvolve-se da seguinte forma: primeiro, fotografo áreas naturais de grande relevância para a conservação no meu país de origem, o Brasil, com uma câmara analógica de médio formato. Depois de revelada, queimo sistematicamente a película fotográfica – reproduzindo nas representações a agressão que foi abertamente infligida às paisagens reais. Após a queima, as peças tridimensionais resultantes são digitalizadas e apresentadas em justaposição a legendas que consistem em histórias de origem jornalística envolvendo incêndios ocorridos recentemente no Brasil, bem como a percepções que tenho durante a realização do trabalho, ecoando a magnitude da violência e destruição pelo fogo que temos enfrentado no Antropoceno na América Latina.