Fotografia aerea que mostra agentes da policia cientifica trabalhando na fuselagem do voo 2283 da companhia aerea Voepass que caiu na cidade de Vinhedo interior de Sao Paulo deixando 62 mortos.
Um homem em cosplay do personagem Batman utiliza o banheiro durante a CCXP, festival de cultura pop realizado em São Paulo.
A maior tragedia do Rio Grande do Sul
Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou a maior tragédia climática de sua história. Chuvas intensas fizeram rios transbordarem e inundaram centenas de cidades, deixando milhões de pessoas desabrigadas, provocando 184 mortes e causando um prejuízo estimado em R$ 88,9 bilhões, entre perdas produtivas, infraestrutura, danos sociais e ambientais. Entre resgates dramáticos, perdas materiais e o sofrimento de famílias inteiras, o desastre expôs a vulnerabilidade da população diante da crise climática. Imagem aérea do centro da cidade, em Porto Alegre, parcialmente evacuado devido ao avanço das águas do lago Guaiba.
Uma equipe em um helicóptero resgata um morador ilhado em sua casa na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre.
Crianças são resgatadas em um barco na cidade de Porto Alegre.
Moradores ilhados pedem ajuda a uma equipe em um helicóptero que sobrevoa a cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre.
Imagem aérea da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, completamente inundada. O estádio serviu como abrigo até ter que ser evacuado devido ao avanço das águas.
Mãe e filho recém-nascido são resgatados em uma caixa-d’água improvisada como barco na cidade de Porto Alegre.
Um cavalo morto em um parque de diversões na cidade de Eldorado do Sul, região metropolitana de Porto Alegre.
Celine Machado, 33 anos, é resgatada junto com sua mãe por um barco do Exército Brasileiro no Lago Guaíba, em Porto Alegre.
Moradores desabrigados aguardam resgate em uma estrada na cidade de Eldorado do Sul, região metropolitana de Porto Alegre.
Moradores e animais desabrigados são transportados na caçamba de um caminhão para abrigos emergenciais na cidade de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre.
Moinho Vive
Localizada no centro de São Paulo, a última favela da região central, a favela do Moinho é conhecida por sua longa história de ocupação popular e resistência. Tradicionalmente lar de trabalhadores de baixa renda, a comunidade enfrenta pressão crescente devido a planos de gentrificação, que visam transformar a área em espaço comercial e turístico, expulsando moradores. Em resposta, os moradores organizaram protestos e bloqueios, mas frequentemente se deparam com operações policiais violentas, marcando a rotina da comunidade com prisões, confrontos e medo constante. Recentemente, após anos de mobilização, a comunidade conseguiu um acordo histórico com os governos federal e estadual, garantindo avanços na proteção do direito à moradia e na segurança dos moradores. Moradores da favela do Moinho bloqueiam a linha de trem na entrada da comunidade com fogo em protesto contra a violência policial.
Um morador observa pela janela de sua casa na favela do Moinho enquanto policiais invadem a comunidade.
Moradoras da favela do Moinho choram enquanto policiais invadem a comunidade.
Moradores da favela do Moinho bloqueiam a entrada da comunidade com veículos abandonados em protesto contra a violência policial.
Moradores da favela do Moinho expulsam um agente da prefeitura por não concordarem com os termos do acordo de desocupação da comunidade.
Policiais a caminho da saída da comunidade durante operação na favela do Moinho.
Um morador da favela do Moinho mostra ferimento após operação truculenta da polícia na comunidade.
Um morador e suas filhas observam apreensivos, da porta de sua casa na favela do Moinho, uma operação policial na comunidade
Policiais se posicionam em telhado com visão estratégica para observar a movimentação na favela do Moinho.
Reconquista
O povo Guarani Mbya do Jaraguá, localizado na Zona Norte de São Paulo, protagonizou uma das lutas indígenas mais emblemáticas do país, enfrentando décadas de luta pela demarcação de seu território tradicional. Em 1987, a Terra Indígena foi homologada com apenas 1,7 hectare, tornando-se a menor do país. No entanto, em 2025, após anos de resistência, conquistaram uma vitória significativa: a assinatura de um acordo histórico que reconheceu a gestão compartilhada das áreas sobrepostas entre a Terra Indígena Jaraguá e o Parque Estadual Jaraguá, ampliando o território para 532 hectares. Esta conquista representa um marco na luta pela preservação da cultura, do território e do modo de vida Guarani em meio à maior metrópole brasileira. Um jovem guerreiro indígena da etnia Guarani grita durante um ritual na casa de reza da Aldeia Tekoá Pyau.
Um jovem guerreiro indígena da etnia Guarani é pintado na Aldeia Tekoá Pyau durante os preparativos para um protesto em busca da demarcação de seu território.
Guerreiros indígenas da etnia Guarani aguardam ao lado de uma rodovia momentos antes de bloqueá-la durante um protesto em busca da demarcação de seu território.
Guerreiro indígena da etnia Guarani com seu arco e flecha durante um protesto em busca da demarcação de seu território que bloqueou a rodovia proxima a Aldeia Tekoá Pyau.
Indígena da etnia Guarani durante um protesto em busca da demarcação de seu território que bloqueou a rodovia proxima a Aldeia Tekoá Pyau.
Guerreiro indígena da etnia Guarani, com arco e flecha, corre de bombas lançadas pela polícia durante um protesto pela demarcação de seu território, que bloqueou a rodovia próxima à Aldeia Tekoá Pyau.
A lider indigena e ativista Txai Suruí da etnia Suruí durante um ritual na casa de reza da Aldeia Tekoá Pyau.
Indígenas protestam na Avenida Paulista, em São Paulo, contra um projeto de lei que visa dificultar a demarcação de territórios indígenas.
Karai Djejupe, guerreiro e liderança indígena da etnia Guarani, em meio a gás de pimenta disparado por policiais durante protesto contra projeto de lei que visa dificultar a demarcação de territórios indígenas.
Mulheres da etnia Guarani se abraçam em comemoração ao dia em que a placa simbolizando a conquista da nova demarcação da terra indígena, que passou de 1,7 hectares para 532 hectares, foi inaugurada.
O preco do ouro
O povo Munduruku, que habita territórios tradicionais às margens do rio Tapajós, no estado do Pará, enfrenta há décadas a invasão de garimpeiros ilegais que exploram ouro na região. O garimpo traz não apenas destruição ambiental, com desmatamento e degradação dos rios, mas também contaminação por mercúrio, que ameaça a saúde das comunidades e compromete uma das principais fontes de alimentação: peixe e mandioca. Estudos realizados pela Fiocruz revelam que 100% dos indígenas das aldeias Munduruku estão contaminados por mercúrio, com cerca de 60% apresentando níveis acima do limite seguro estabelecido pela OMS. Professores indígenas já ensinam as crianças sobre os impactos do garimpo e da contaminação em suas vidas, integrando conhecimento tradicional e científico para fortalecer a resistência cultural e ambiental da comunidade. Uma criança da etnia Munduruku se banha às margens do rio Tapajós, na aldeia Kaba Biorebu, território indígena Munduruku, próxima à cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região.
Mulheres indígenas processam mandioca na aldeia Kaba Biorebu, território indígena Munduruku, às margens do rio Tapajós, próxima à cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região. A mandioca é uma das principais fontes de alimentação e de sustento econômico da aldeia.
Fotografia aérea do rio Tapajós com vista geral da aldeia Kaba Biorebu, território indígena Munduruku, próxima a cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região.
Crianças na aldeia Kaba Biorebu, território indígena Munduruku, às margens do rio Tapajós, próxima à cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região.
Fotografia aérea de um pai e seu filho da etnia Munduruku pescando no rio Tapajós, com vista geral da aldeia Kaba Biorebu, território indígena Munduruku, próxima à cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região.
Uma senhora descansa após o almoço na aldeia Kaba Biorebu, território indígena Munduruku, às margens do rio Tapajós, próxima à cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região.
Uma professora dá uma aula sobre os impactos do garimpo e da contaminacao por mercurio para crianças indígenas na aldeia Kaba Biorebu, território indígena Munduruku, às margens do rio Tapajós, próxima à cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região.
Fotografia aérea de um garimpo às margens da rodovia Transamazônica, próximo à cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região.
Um avião decola de uma pista clandestina usada para escoar a mineração ilegal de ouro, à margem da rodovia Transamazônica, próxima à cidade de Jacareacanga, que funciona como central do garimpo ilegal de ouro na região.
Guajará-Mirim em chamas
O Parque Estadual de Guajará-Mirim, uma das maiores unidades de conservação de Rondônia, está localizado entre a Terra Indígena Igarapé Lage, habitada pelo povo Karipuna, e a Terra Indígena Rio Ouro Preto, habitada pelo povo Uru Eu Wau Wau. A região enfrenta uma crise ambiental sem precedentes. Desde julho de 2024, incêndios criminosos devastaram 33% da vegetação do parque, equivalente a 73 mil campos de futebol ou cinco vezes a área da zona urbana de Porto Velho, capital do estado. As chamas, alimentadas por grilagem de terras públicas, extração ilegal de madeira e invasões, comprometem a biodiversidade e a qualidade do ar, afetando a saúde das populações locais e das comunidades indígenas vizinhas. Em resposta, operações como a “Temporã” e a “AR Puro” mobilizaram mais de 500 agentes de segurança, incluindo policiais militares, federais e membros do Ibama, visando combater os incêndios e identificar os responsáveis. Apesar dos esforços, a resposta inicial foi considerada insuficiente, agravando a situação. Area florestal queimada irregularmente as margens de uma rodovia na regiao de Porto Alegre.
Um policial da guarda florestal faz patrulha próximo a um tronco com a inscrição ‘Proibido IBAMA’ (instituto fiscalizador do meio ambiente), em uma área de queimada ilegal da floresta nativa no Parque Estadual de Guajará-Mirim.
Area florestal queimada irregularmente as margens de uma rodovia na regiao de Porto Alegre.
Bombeiros descansam após percorrerem quilômetros de trilhas para reconhecimento de áreas com fogo no Parque Estadual de Guajará-Mirim.
Uma área queimada que expõe os carreadores, caminhos usados por invasores para a queima ilegal da floresta nativa no Parque Estadual de Guajará-Mirim. O parque enfrenta conflitos devido a invasões e à exploração ilegal de recursos naturais, além de disputas territoriais com povos indígenas.
Coruja sobre um tronco em uma área queimada ilegal da floresta nativa no Parque Estadual de Guajará-Mirim.
Policia Realiza Fiscalizacao instensa na regiao do Parque Estadual de Guajará-Mirim para combater as queimadas ilegais.
Um homem é detido com combustível e isqueiro dentro do Parque Estadual de Guajará-Mirim durante uma ronda noturna na região.
Fotografia aérea que mostra o ‘esqueleto’ de uma árvore em meio a diversas outras queimadas em uma área de floresta nativa protegida no Parque Estadual de Guajará-Mirim
Entre 2023 e 2025, o Brasil enfrentou crises ambientais, sociais e culturais que expõem a vulnerabilidade de suas populações. No Rio Grande do Sul, chuvas intensas provocaram a maior tragédia climática da história do estado: rios transbordaram, milhões ficaram desabrigados, 184 pessoas morreram e os prejuízos chegaram a R$ 88,9 bilhões, revelando a urgência de medidas diante das mudanças climáticas.
Na cidade de São Paulo, o povo Guarani Mbya do Jaraguá conquistou, em 2025, um marco histórico na luta pelo território: a gestão compartilhada de áreas sobrepostas com o Parque Estadual Jaraguá ampliou a terra indígena de 1,7 hectare para 532 hectares, garantindo a preservação cultural e ambiental. Também na capital, a favela do Moinho, última favela do centro, resistiu a décadas de pressão por gentrificação, enfrentando violência policial e ameaças de despejo. Após intensa mobilização, a comunidade obteve avanços na proteção do direito à moradia e na segurança local.
No Pará, o povo Munduruku sofre com a invasão de garimpeiros ilegais que degradam o rio Tapajós, poluem o ambiente com mercúrio e comprometem a alimentação e saúde das aldeias. Estudos apontam que 100% dos indígenas estão contaminados, integrando conhecimento tradicional e científico para resistir e conscientizar as novas gerações.
Em Rondônia, o Parque Estadual de Guajará-Mirim enfrentou, desde julho de 2024, incêndios criminosos que devastaram 33% da vegetação, ameaçando a biodiversidade e a saúde das comunidades indígenas Karipuna e Uru Eu Wau Wau. Operações de combate mobilizaram mais de 500 agentes, mas a resposta inicial insuficiente evidenciou fragilidades na proteção ambiental.