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A fome na Guatemala

A terra das Américas é rica em produtos naturais e seduz pela sua diversidade gastronómica e sabores únicos, mas mais de sessenta milhões de pessoas vivem com fome no continente. Neste cenário, pensar no futuro é perguntar-se se haverá comida para o dia seguinte; o presente é dormir de estômago vazio.

A Guatemala é o país com a taxa de desnutrição crónica mais elevada da América Latina e a quarta mais elevada do mundo, segundo dados do Banco Mundial. Feijão, arroz, milho, malaguetas, tudo em magras rações, é a dieta de sobrevivência de muitos guatemaltecos. O departamento de San Marcos é uma das zonas mais afectadas pela fome no país e o Programa Alimentar Mundial alertou para o facto de 50% das famílias não terem acesso a uma dieta equilibrada. A desnutrição atinge mais duramente a população indígena da região e mais de metade das crianças vive com desnutrição.

Em 2009, o governo declarou o “estado de calamidade pública” devido à fome que atingiu a população e a situação não melhorou desde então. A pandemia foi outro fator que prejudicou muitas famílias, que olham para a migração como uma oportunidade de proporcionar uma vida melhor aos seus entes queridos. Nestas montanhas áridas, dormir com fome é a única certeza com que se pode viver.